18 de julho de 2017

● Ponteiros tortos

julho 18, 2017 2 Comments

Quantos sonhos loucos passaram por tua porta?
Não viu as cores que tecem o céu, que mudou há tempos
Perdemos a lucidez desde os anseios mais remotos
Desde que a dúvida, calou qualquer tentativa torta

Me desnorteia respirar nesse véu de dias iguais
Eu conversaria por horas dentro de mim mesma
Com os mesmos traços e ainda os mesmos pedaços
Embora sinto que meus anos correram demais

Voltaria para quem fui, correndo ao alento
Retalhos do que bastou para amar, não seria para depois
Basta de fugir do meu eu, sem contentamento!
Eu e meus batimentos descompassados não somos dois 

Corremos na linha de qualquer outra perdição
Entre a brandura e a loucura, sem ponteiros para seguir
Na frente aos pés, aos poucos sinto a leve intuição
Alguém mais despertou depois de tempos sem sentir?

Autoria: Franciéle R. Machado

7 de junho de 2017

• Fria e magoada

junho 07, 2017 2 Comments

Esse vento gélido para meus ossos
Deste nublado céu de quatro e pouco da tarde
Sinto como se flutuasse dentro de mim

Isso parece ser ideal para os dias nossos
E sem gritar, sem qualquer alarde
Não temeria hoje qualquer dia assim

Antes um devaneio assim não quisera
Pois tinha medo do que os loucos diriam
Do frio e sua leve brisa fria e magoada

Dessa suave sensação na pele, como pudera
É só uma infâmia que repudiam!
Essa brisa sobre a face, perfeita e desbotada

Só por este instante
Quisera cair e recair neste devaneio
Infinitamente, visceralmente

Autoria: Franciéle R.Machado

23 de fevereiro de 2017

• Empalidecendo

fevereiro 23, 2017 7 Comments

Será que o amor
Ousaria normalmente ir?
Assim como chegou em um dia qualquer

Se o mundo não fosse dessa dor
De deixar o amor fugir
Assim fugaz e libertino porque quer

E sua voz suave coisas dizendo 
Percebendo que há um silêncio ao fundo
Pois mal posso desatar a dúvida

Do entardecer empalidecendo
E eis que nessa palidez afundo
Em coisas que digo a ti mesmo lúcida

E será que o amor
Abriria a porta e nela sairia?
Assim "como nada aconteceu"

Os dias futuros só teriam qualquer cor
E acho que a solidão aqui habitaria
Como se de novo ela fizesse parte do meu eu

Autoria: Franciéle Romero Machado

23 de janeiro de 2017

• Como fantoche

janeiro 23, 2017 2 Comments

Um fantoche de mim mesmo
Eis o que sou!
Já que não inspiro, nem respiro

Vulgar é a monotonia que se arrasta
Espalhando as mesmas estórias
E incerta como o destino de um tiro

Um calabouço de mentes perversas
Um fantoche que nada pensa
E assim fica a palma das mãos imersas

Peculiar parecem ser as conversas
Que partem de uma boca estranha
E de um olhar insano

Um fantoche, ora que espetáculo
A saborear a matéria fria
Que assumem os dias, esses dias

Um a um, hora a hora, segundo a segundo.

Autoria: Franciéle Romero Machado
Imagem: Devian Art by bolshevixen