3 de abril de 2020

● Desatinada


Desejava que agora fosse inverno
Daí o sol me abraçaria
Em seu abraço morno no meio da brisa fria

Dizem que a solidão é um inferno
Mas me acalenta mais que a mentira
Exalando de tua pele que transpira

Pois as mudanças são uma miragem
Que no espelho refletiu cada engano
Somos um cor desbotada, não mais ciano

Poderíamos retroceder a engrenagem
Que nos moveu para as lacunas desse afeto?
 Jogou pelo ralo, deixa secar no concreto

Deixa quebrar, inundar para enfim enlutar
Assim como cada emoção deságua
E nas paredes vejo passar cada mágoa

Queria que estivesse como aquele frescor
De quando nos conhecemos, tempo distante
Queria que fosse apenas aquele garoto de antes

Que dos olhos transparecia só amor
Das mãos quentes e sinceras, as primeiras que firme segurei
E displicente me oferta carinho, mas nem tudo sei

Estranhos, andei pela cidade desatinada
Desejava o calor de sua respiração
Queria sua mudança, não viver em contradição

Agora amo o que fomos, não posso viver apaixonada
E se doer, algum dia vai colorir esse outono meu

Autoria: Franciéle Romero Machado

Um comentário:

  1. Quanta emoção,transcrita nestes versos que se lê com a força da emoção... Sentindo na pele cada ferida omissa dentro dos parafraseados em questão. Amdiro como você é capaz de transformar cada alegria, cada dor, cada fúria em versos incríveis, dotados de fortes sentimentos. Parabéns Fran, muito bom te ler novamente, espero que mantenha vivo este seu dom com os versos. Beijos!!!

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