25 de abril de 2020

● Só a arte



Beijo sutilmente o vidro da janela
Enquanto sussurro minhas esperas
Uma resposta paira no meu ouvido direito

Assim vivemos na miragem, sem uma aquarela
E pensei que flutuar, fosse olhar a encosta
A espreita dessa vida, enredos suspeitos

Nada lá fora eu vejo, parece a vida uma pedra preciosa
Que cai de meus dedos
Um drama no meio de dias onde a luz acerta o poeta
Desmancho a inspiração que pouco jaz nesse peito

Podia ver as nuances em cada olhar que cruzei pela rua
Caminho, mas sinto uma armadilha
Como se os pés tivessem fora de compasso
E a música em suas palavras rasas pairando na sacada

Esperei demais, no início e no fim de tudo
Das teorias, ironias e pelo afeto seguro (cercado de muros)

No concreto todos meus pesares 
Na ponta da língua minha indecisão e nesse versos livres uma faísca
A poeta não se perde em linhas, quem pensaria?

A voz é um sopro como o cotidiano esperaria
Mas só a arte faz suspirar no fim do dia
Só a arte traz o verdadeiro respirar

Só a arte

Autoria: Franciéle Romero Machado (Escrita em 04/01/2020)
Imagem: Oprisco (Devian Art)


3 comentários:

  1. E só a arte é capaz de revelar o âmago de um ser. Uma vez já te disse isso, mas acho que reprisar é válido, (uma vez que seja um comentário real e um elogio). Você consegue transcrever cada emoção sua em seus versos, é como se o leitor pudesse ler e até mesmo sentir o que você sentiu no contexto em que o poema foi escrito... E isso é algo incrível, pois traz uma imersão artística para a vida do poeta, isso faz com que muitos empatizem com as emoções da poetisa, sentindo na pele cada dor, cada alegria, cada raiva, cada dúvida e casa surpresa sentida por ela na hora da escrita...

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Fran pelos versos, espero logo ler mais de você. Beijos, tudo de bom!

    ResponderExcluir

Deixe aqui algumas palavras sobre o que compreendeu, a sua percepção do que leu...