9 de janeiro de 2024

● Eu fragmentado

janeiro 09, 2024 0 Comments


 Nas nuvens acinzentadas e distantes por segundos me vejo

Refletida como uma nostalgia que chega junto a brisa matinal

Quando volto ao eu fragmentado de quem outrora fui


É uma conversa, uma história ouvida e seu ensejo

Como se retroceder nas memórias fosse inteiro e surreal

Me deixo desfazer como as nuvens enquanto o andar das horas flui


Por que tantas vezes nos perdemos nos traços da modernidade?

Onde somos somente humanos destinadas a produzir e algo se tornar

Que já nem lembro em essência se queria algo do que construí


E agora as canções antigas só me transportam para a sanidade

Nas páginas rasuradas que um dia me vi, na íris da imensidão olhar

Pra vida que aflora, nas sutilezas algum dia como hoje me reconstruí


Eu fragmentado, se desfaz e refaz

Disfarça e se veste de farsa


Autoria: Franciéle Romero Machado Balok

Escrito: 09 de janeiro de 2024

Imagem:  Malamila (Devian Art)





23 de fevereiro de 2023

● Andarilhando

fevereiro 23, 2023 1 Comments



Enquanto a rua persiste como...

Única paz

Andarilha sua alma nua, a qual refletida nas vitrines 

Se desfaz


E agora essas luzes piscantes lhe dizem ser tudo loucura

A monotonia se grudou como chiclete em seus pés

Nas canções ainda procura algo que expressasse 

O que seria se a vida fosse apenas pura?


Não um simples eco que percorre cada avenida


A lentidão do relógio e esses tique-taques mentais

Não bastasse a chuva que molha os ladrilhos desde a manhã

E o vento que balbuciou quem deveria ser nos previsíveis mapas astrais

Ainda assim a rua  jamais será para si a vilã


A  pouca paz bradava dentro do peito em abrupta descida


Pausa pra qualquer bebida destilada, a noite ainda brilha

Luminosa, embora melancólica para quem não espera redenções

Suas tantas vivências...formam tortuosas trilhas

Explicam quem vive pra se reencontrar em ilusórias direções


Se simples fosse...pudera abraçar cada alma doida 


Autoria: Franciéle Romero Machado Balok




18 de fevereiro de 2022

● Imprecisão do amanhã

fevereiro 18, 2022 9 Comments

 Os pés ancorados em algum lugar 
Aguardando pela novidade do tempo que virá 
E o que será? Se não se perder em um labirinto indeciso

Eu tenho a voz dentro de mim, poderia bradar
A inquietude do vento que sopra e não cessará
Uma fortaleza em meio a um caminhar impreciso

Mas a mesma mente que divaga, a lucidez esmaga
Esperaria voltar a ser quem era outrora
Só que num sombrio passatempo, como poeira me dissipei

De supostos medos essa atmosfera se alaga
E invés de respirar as cores, o preto e branco se ancora
Esperamos os finais de semana, fugir de algo que nem sei

O que esperar? Quando tua luz enfraqueceu 
Como uma fogueira num dia frio, difícil permanecer intacta
E mesmo sem chuva parece que algo a apaga

Talvez uma vida tão abrupta que nos esvaneceu
O cansaço interno, planos incertos e a rotina que impacta
Nesse caos breve quero me reencontrar ao que me afaga

Quem sabe, logo ou quando ?

Autoria: Franciéle Romero Machado
Escrito: 09 de fevereiro de 2022.

9 de fevereiro de 2022

● Tudo diferente

fevereiro 09, 2022 1 Comments



 Adormecer pensamentos no travesseiro
A espreita do incerto destino
Na poeira que logo cobre os olhos
Em notícias, presos no desatino

Cruzou depressa nosso tempo irracional
Com aquele jeans antigo e desbotado
E as mesmas boas histórias
Lembrou-se dos amigos num bar do passado

Os passos na calçada ao anoitecer
Em acordes da música no fone de ouvido
Na vitrine livros para nos entreter
A dicotomia sempre, pensar confundido 

Podia ter tanto a escrever
Enquanto o abril simplesmente inicia
E a vida hoje, pouco a se prever
Da cama, cuidar pois a monotonia vicia

E adormecer às vezes parece ser
O remédio para a lucidez aqui pertencer

Autoria: Franciéle Romero Machado (Escrita em 04/04/2021)
Imagem: Oprisco (Devian Art)

4 de abril de 2021

● Meu primeiro livro

abril 04, 2021 2 Comments

Olá amigos (as) do blog Inventada Percepção! 

Venho com muita felicidade anunciar o lançamento do meu PRIMEIRO LIVRO de POESIAS. Um sonho que me acompanhava há muitos anos, pelo menos desde que iniciei este blog em 2009 aos 15 anos. 

Fui contemplada com a Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), através da aprovação do projeto "Inventada Percepção" que inscrevi no edital. Através disso tive como financiar meu livro bem da forma que queria, capa exclusiva, ilustrações e com uma tiragem de 600 exemplares. É também uma realização do Setorial do livro, leitura e literatura da cidade de Itaqui-RS o qual faço parte.

O livro conta com +90 poemas em 124 páginas, incluindo diversos poemas inéditos e também alguns preferidos aqui do blog. 

Eu amei e estou muito grata de compartilhar esse momento nesse espaço que tem grande importância poética. Pois foi a interação ao longo do tempo com vocês, os comentários positivos que me motivaram a prosseguir sempre na escrita. Afinal, nós artistas esperamos um reconhecimento e esse carinho.

Aqui o resultado de como o livro ficou! 

Obs: Caso alguém tiver interesse, fico a disposição para perguntas e envio pelo correio também (R$20 reais o livro).

Obrigada, abraços e uma Feliz Páscoa a todos!






13 de setembro de 2020

● Raízes

setembro 13, 2020 0 Comments

Nossos destinos, a semente na terra
Pronta para sua mudança, enraíza aos poucos
Ainda assim é livre para respirar

E quando olha para seu redor, tanta guerra
E dentro de si os devaneios mais loucos
Fazem tomar seu café com calma e suspirar

Outrora percorri a estrada nublada
Outono acabou, a batida insistente da chuva
Outro erro para atirar na janela da memória

Reguei a dúvida, enquanto a terra ao redor afundava
Outra insônia, minha face como raízes fazem curva
E sem prever o destino, planto cada espera ilusória

Enraizando na terra árida quem serei
E em breve, como flor desabrocho e MUDArei

Autoria: Franciéle Romero Machado





25 de maio de 2020

● Decifra

maio 25, 2020 2 Comments



Meu descompasso é teu olhar maduro
Que andarilha por um afago
Tua utopia por um futuro
Mesmo se as faíscas apago

O abrigo que nos tornamos agora
E as memórias que teu aroma traz
O cintilar que dos teus olhos verdes jaz
Ao qual tantas vezes desviei outrora

Pois parece que desnuda quem sou
Decifras até os versos que não lhe escrevi
E por um fragmento de tempo vou
Ao reencontro do primeiro instante que te vi

Autoria: Franciéle Romero Machado


25 de abril de 2020

● Só a arte

abril 25, 2020 3 Comments


Beijo sutilmente o vidro da janela
Enquanto sussurro minhas esperas
Uma resposta paira no meu ouvido direito

Assim vivemos na miragem, sem uma aquarela
E pensei que flutuar, fosse olhar a encosta
A espreita dessa vida, enredos suspeitos

Nada lá fora eu vejo, parece a vida uma pedra preciosa
Que cai de meus dedos
Um drama no meio de dias onde a luz acerta o poeta
Desmancho a inspiração que pouco jaz nesse peito

Podia ver as nuances em cada olhar que cruzei pela rua
Caminho, mas sinto uma armadilha
Como se os pés tivessem fora de compasso
E a música em suas palavras rasas pairando na sacada

Esperei demais, no início e no fim de tudo
Das teorias, ironias e pelo afeto seguro (cercado de muros)

No concreto todos meus pesares 
Na ponta da língua minha indecisão e nesse versos livres uma faísca
A poeta não se perde em linhas, quem pensaria?

A voz é um sopro como o cotidiano esperaria
Mas só a arte faz suspirar no fim do dia
Só a arte traz o verdadeiro respirar

Só a arte

Autoria: Franciéle Romero Machado (Escrita em 04/01/2020)
Imagem: Oprisco (Devian Art)