22 de agosto de 2018

● Desencanto

agosto 22, 2018 0 Comments

Abracei minha mágoa, a entrelacei em meus braços
Como se o depois fosse um súbito sonho que acordamos
E olhei naqueles olhos que outrora eram paz, hoje desencanto

Mas eu me misturo continuamente aos seus pedaços
Quebra-cabeças de sorrisos soltos que confrontamos
E assim o gosto amargo permaneceu em cada canto

Onde o destino desponta um ilusório brilho
De que nossos passos tortos encontrariam-se algum dia
Em algum café, algum bar, alguma esquina solitária

Diferente de um trem que segue diariamente o mesmo trilho
Desgovernados são nossos sentimentos, uma armadilha
Abraçando minha mágoa, cada parte de mim involuntária

Aqueles olhos amorosos sem horizonte, desnorteados pelo talvez
E aqueles braços de quem afaga seu amor pela última vez



Meu desencanto, tudo mudou.




Autoria: Franciéle Romero Machado

Imagem: Oprisco


12 de agosto de 2018

● Cada palavra que jaz

agosto 12, 2018 2 Comments



O que escrevo são como fotografias mal tiradas
Meu eu, que não pertence ao nada
Se você busca olhos e acalento
O conforto não é em meus braços sem sustento

A tempestade que se formou naquele dia comum
Em maio e seus dias mornos e nublados
Não posso, desviar a atenção e a intenção
De que buscas em mim, um verso improvável

Cada palavra aqui jaz, matéria explosiva
Impulsiva como sentimentos em decomposição 
E preenche cada suspiro, palpita na batida da canção
Ainda encontra-se inexplicavelmente viva!

Mas eu não consigo traduzi-lá sem me desfazer
Como se fosse ao encontro do desalento
Conjurada em cada letra e sua denotação
Pertenço assim ao delineado de cada sensação


Autoria: Franciéle Romero Machado